segunda-feira, 1 de março de 2010

O Retorno da Furacão ou Simplesmente Daniel


Eu estava muito bem, estava indo realmente bem. Descobri uma segunda e mais divertida obsessão, arrumei mais uma paixão impossível e estava feliz concentrando parte das minhas forças em fantasiar possíveis primeiros encontros e noites de sexo inesquecíveis com Taylor (minha nova arrebatadora paixão). Wolverine tornara-se praticamente um vulto em meu cérebro, uma rara aparição assustadora que me assombrava parcamente em noites especialmente estranhas, frias, escuras, ébrias e solitárias. E tais aparições se tornaram cada vez mais raras e esparsas. E eu com isso sentia-me cada vez mais livre. A cada dia sem ele e a sem possibilidade de seu retorno à minha vida (desconheço o motivo que o levou a sair, perdi algum tempo e energia concentrada no objetivo de descobrir tal porquê e de atraí-lo de volta para mim como fiz da primeira vez. Depois de me abater o cansaço fui gradativamente desistindo de descobrir o porquê e somente desejando-o de volta de qualquer que fosse a forma. E o amor me consumia e a porta ficou aberta por algum tempo e ele não veio, nem sequer mandou notícias, e eu finalmente desisti por absoluto.) voltei a me entregar à raposa. E minha vida voltou a ser divertida e eu voltei à minha velha forma, à boemia, e a dor que me apertava as entranhas voltou a me servir. E voltei a sorrir ainda que ferida e as feridas não mais me atrapalharam. E meu senso de humor voltou ao seu pH normal: ácido. E então, depois de muito vadiar (“Não vadeia Clementina....Fui feita pra vadiar, eu vou, eu vadiar, vadiar, eu vou vadiar”) e de driblar a morte duas vezes em uma semana (at least I think...), resolvi de fato voltar, certa de que estava curada da dor, embora soubesse o amor ainda estava aqui, porém domesticado. E então ele surge de repente. Implacável. E vem, com certa atitude de quem reivindica posses, com autoridade de de quem se faz dono. Voltou como um violento furacão. Eu então, prontamente decidi confrontá-lo e descobrir o que em mim o causava tanta repulsa, mais provável motivo de seu brusco sumiço. E paradoxalmente ele manteve a postura de ignorar-me solenemente independente da situação ou do lugar. E mais uma vez ele conseguiu com maestria o que nenhum outro carcaju chegou perto de fazer: o simples cogitar a hipótese de sua proximidade fez minar minhas barreiras em segundos, como um castelo de areia à beira-mar. O amor enjaulado revelou-se uma besta ensandecida e voltei a sangrar sem ter ao menos olhado em seus olhos.

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