sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Retrospectiva

*Escrito em 12/2011. 

Olhando por cima do meu ombro, vejo o rabo de 2011 se arrastando. E que ano.

Tive menos cuidados com as palavras (ou nenhum), me expus, não esperei, fui mal-educada, pacífica e pacifista, ignorei solenemente os protocolos morais e sociais que me convieram ignorar, fui leal à mim. Bebi muito, dormi pouco, fumei maconha, tomei anfetamina, sibutramina, neosaldina e quase stricnina. Fiz muito sexo, com amor e por diversão, sempre da melhor qualidade. E quando não fiz nem por um motivo nem pelo outro, o fiz simplesmente para matar a fome.  Tive uma affair com um rockstar. Amei desesperadamente por 2 meses, namorei à distância, me re-apaixonei por um amor da adolescência, cultivei uma arqui-inimiga, ganhei mais um pai e finalmente, um amor tranquilo. Fizemos duas tatuagens desde então, fomos ao show de nossas vidas, tomamos o porre de nossas vidas, noivamos. Cospi em muita gente, dei à mão à tantas outras.  Fui à muitos saraus, luais e afins. Fui a duas festas de penetrea. Composicionei-me. Fiz novos e grandes amigos, ganhei mais família, aprendi que eu posso ser dura e crítica. Não fiz nenhuma dieta, e coincidência ou não, nunca me senti tão bonita. Escrevi, fumei, tomei coca-cola, toddynho, chorei, trepei, brinquei, trabalhei, e fiz tudo isso muito. Aliás, continuo fumando muito (fecho o ano contando 2 maços/dia). Descobri que sou admirada por pessoas que admiro, iniciei minha carreira de super-homem, fui promovida em minha carreira de Clark Kent. Tive um namorado virtual. Descobri 3 fãs. Gravei um vídeo. Escrevi um roteiro. Fiz um curta. Posei para fotos. Ganhei o homem mais bonito da festa. Aprendi a não me referir ao meu ex-noivo como meu ex-noivo. Ganhei uma Libélula Rubra só minha. Arrumei meu quarto. Exorcizei fantasmas antigos, arrumei alguns novos. Tentei e desisti da terapia. Mais tatuagens. Deixei o cabelo crescer. Cortei o cabelo curtinho. Cortei o cabelo moicano. Deixei crescer de novo. Perdi uma amiga. Enterrei duas (Jess e Helô, a saudade vai se abrandar, eu prometo...). Fiquei hipertensa, tive crise de coluna, renal, estomacal e respiratória. Dei pra um médico. No hospital. Comprei uma  gaita, um scarpin azul-caneta, uma bolsa lady-like fúcsia, um par de oxfords off-white, a coleção de Black Kiss – Howard Chaykin, brincos de caveira e material de desenho novo. Li 19 livros, partindo para o 20º.  Voltei às minhas aquarelas. Descobri algumas perversões. Fodi o juízo alheio (mas por pura reciprocidade). Ganhei um par de irmãos que namoram (sim, é mesmo complicado). Namorei à distância. Viajei. Viajei mais. Cansei de viajar. Dormi em hotel, motel, pousada, rodoviária, restaurante, avião, carro, ônibus, tapete e aeroporto. Perdi minha carteira de identidade. Achei dinheiro, um vestido, um par de havaianas no meu número. Perdi um par de sapatos da minha mãe e uma jaqueta branca. Terminei a coleção de meu seriado favorito, de meus filmes + livros favoritos e começei minha Vídeoteca 80’s. Encerrei minha última contagem da coleção de LP’s em 3’787, mais duas coleções extras: uma dos Beatles, com a discografia completa incluindo singles raros, todos americanos e uma do Led Zeppelin (really, Led.) no mesmo esquema. Me descobri parte de um clã. Comprei um toca-discos portátil. Troquei as cordas do Jim e estou pensando em tirar todos aqueles adesivos e deixá-lo mais apresentável............................................................................................... .................................................Olhando por cima do meu ombro, vejo o rabo de 2011 se arrastando. E que ano.

Fadada ao Fracasso

Talvez devesse tentar meditar. Tentar ingerir menos protieína animal, me importar com as árvores e as alfaces. Tentar trocar meus heróis fumantes por santos ou ativistas. Tentar beber água mais de duas vezes por semana, tentar passar mais de dois dias sem cerveja. Tentar sorrir mesmo sem sexo. Tentar ser simpática mesmo sem... Nevermind, não conseguirei ser simpática.  Tentar não extratificar em dados apurados o amor. Tentar não questionar o amor. Tentar não ignorar o amor. Tentar o socialismo, apesar de acreditar ter verdadeira vocação para anarquia. Tentar cozinhar a carne para comê-la, e assim me desvencilhar da semelhança com Hannibal Lecter. Tentar piadas politicamente corretas. Tentar ações politcamente corretas. Tentar frases politicamente corretas. Tentar ser uma boa cidadã. Tentar a não-violência. Tentar não tentar convencer as pessoas de que seus sonhos são estúpidos e suas vidas medíocres demais para que estas percam seus tempos sonhando. Tentar usar protetor solar, shampoo, Artroveram, Dipirona, Diclofenaco, Ópio, Vallium e um baseado socialmente como as pessoas normais fazem para curar suas dores. Tentar dizer mais vezes ao tatuado o quanto o amo. Tentar ser mais doce. Tentar não questionar, categorizar ou quantificar o amor. Tentar não me comprazer na desgraça de meus inimigos. Tentar oreções sinceras, com os Deuses e homens. Tentar não fumar 40 cigarros por dia e tentar não rir disso. Tentar não fazer piadas com um possível câncer no pulmão. Tentar não fazer piadas com a Wanessa e com seu bebê e tentar não rir de quem as faz. Tentar não repetir a piada de que meus pais deveriam ter-me obrigado a malhar a bunda no lugar de estudar. Tentar malhar a bunda às vezes. E o resto se possível.  Tentar não associar fome à gordura trans. Tentar manter-me quieta diante da estupidez alheia. Tentar não planejar meus passos. Tentar depilação com cera quente e calcinhas de algodão. Tentar enjaular a Raposa e me portar como uma meninas apenas para variar. Tentar não mandar as pessoas tomarem no cú a cada burrice testemunhada. Tentar não falar palavrões.

...

Tentar cada uma dessas tentativas para, pelo menos, convencer-me de que esta sou de fato eu e não adianta tentar.