quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Back In The Saddle Again


Cá estou de volta. Soturna, maliciosa, cínica e voraz.  Esfinge tresloucada, aquela que só devora e não pode ser decifrada. Andróide poético que não sente nem ama, apenas reflete, analisa, interage, quantifica. Quero olhar para tudo como que tivesse nascido agora, agorinha. Quero é desconhecer.

Eu, que deveria saber que não há perdão para almas como a minha, voltei ao inferno. Do lado de cá mais uma vez entendo porque sempre desprezei a alma humana (principalmente a alheia) em função da carne. Por que não há nada além daqui. Porque de nada, além de te poupar o lado mais divertido da vida, te serve ter uma alma.  Por que trocas práticas (os chatos e pudicos dirão superficiais) são menos monótonas e dramáticas, e no fim das contas te arrependerás por qualquer perda de tempo. Feito o amor, essa invenção de péssimo gosto. A piada mais longa e mal-contada da história do universo.
Eu prefiro a carne. Esta sim é quente, doce, palatável e de fácil leitura. Que a alma fique para os torturados e mal-comidos metafísicos, poetas e afins. E para a Clarice Lispector, que se encaixa em cada um desses rótulos. Não há droga que amenize a vida, não há recompensa mais grata que a morte. E eu voltei, com ambas negadas.

Eu voltei, e voltei tão faminta quanto hedionda. Quem sabe não crio uma nova espécie a partir das costelas que me faltam? Sim, de volta. Mais puta que nunca.