quarta-feira, 14 de julho de 2010

Manual de Instrução da Vida Moderna

Não mastigue tão rápido. Aliás, mastigue pelo menos 100 vezes se quiser uma digestão perfeita e dentes saudáveis, não tem problema parecer um ruminante com TOQ, o importante é ser saudável. Leia jornal todos os dias, ainda que a situação econômica grega deixe-o deprimido ou mesmo que você nunca tenha viajado para a Grécia e não tenha a pretensão de fazê-lo. Leia pelo menos 4 best- sellers ao ano, ainda que nenhum deles preste nem mesmo para recepção de consultório proctológico, e não goste de pelo menos 3. Dá status parecer um bem informado crítico-literário-intelectualóide-com-humor-ácido, pessoas de “personalidade forte” normalmente são do contra. Tudo bem que isso também sirva para as mal-amadas e mal-comidas, mas é melhor ser considerado encalhado que volúvel. Para as mulheres: use qualquer absorvente que tenha a palavra 'livre' no nome , em qualquer língua, com abas, com gel, de algodão orgânico, com cheiro de camomila e de embalagem reciclável. De preferência que seja fabricado por uma empresa com responsabilidade ambiental. Malhe, faça power ioga, power plate, power pilates, power spinning, ou qualquer outro tipo de tortura física que te faça abdicar ou mesmo desacreditar de sua coluna vertebral. E o mais importante, caso alguém a pergunte a fórmula para sua excepcional forma física, diga que “apenas toma bastante água”. Seja absolutamente sincera com seu 'relacionamento' (hoje em dia não se namora mais, mulheres cosmopolitas e antenadas ficam e de repente casam!) , dividindo sempre por 3 o número de homens com quem foi para a cama. Liberdade e igualdade sexual é segredo entre garotas, meninos não podem nem mesmo sonhar com essa nossa conquista, desvaloriza o nosso passe e só se arrumará um casamento com um trintão careca e provavelmente barrigudo, isso pra não falar que esse tipo costuma cultivar hábitos nada saudáveis. Seja romântica, mas não muito. Seja ciumenta, mas não demonstre. Seja liberal, mas não demais. Goste de sexo, mas não fale. Queira sexo, mas não peça. Tenha fantasias, mas não conte nem realize todas de uma vez, deixe que ele adivinhe. Ame, mas não se declare até que ele o faça primeiro. Assim que ele fizer, se emocione, mas não chore na frente dele. Além disso, se case e construa um belo patrimônio, tenha filhos e viaje para Europa antes dos 30, mas depois dos 25, e não se separe antes de 3 anos de relação (acho que o número 3 deve ser meio cabalístico...).AH! Importante não gostar nem entender de futebol ou carros mais que qualquer homem que conheça e amar shoppings e liquidações. Para os homens: coma todas ou pelo menos diga que comeu para o máximo de homens que conseguir, mas tenha “provas irrefutáveis” dos feitos. Torça irracionalmente para algum time de futebol, odeie ballet e não entenda nada de decoração. Seja saudável, mas não vegetariano, é coisa de viado. Seja sensível, mas não demonstre, é coisa de viado. Seja vaidoso, mas não pareça, é coisa de viado. Não chore, não entenda nada de moda, não conheça mais de 7 cores, e não tenha muitas amigas mulheres que você não tenha comido, é coisa de viado. Tenha um carro zero, um emprego estável, case-se com uma mulher loira e gostosa louca por sexo e só se separe depois de 2 anos de relação para provar que você é maduro, tudo isso depois dos 30 e antes dos 35. Não ame. Se amar, não diga até que estejam a pelo menos 2 anos juntos com pretensões de casamento. E em hipótese alguma diga que a ama antes de comê-la. É coisa de viado. E jamais a peça em namoro nem noive, também é coisa de viado. E pior, coisa de viado velho. Tirando esses poucos conselhos do manual de instrução da vida moderna, viva e seja feliz. Ou tente.

Depois de uma crise de vômito que durou 27 horas ininterruptas, um assunto resolveu tomar conta das minhas idéias já que não podia nem pensar em comer. Tal assunto é casamento. Ok, a associação vômito-casamento (não, não é porque casar me enjoa tanto quanto comida no momento). Li sexta em um revista feminina, numa seção do tipo ‘dicas-para-curar-dor-de-corno’ (e eram não só coerentes como tinham embasamento científico, acreditem se quiser...) que é importante durante o período ‘luto-pós-término’ é importante associar o calhorda a sensações ruins para esquecer que um dia você sentiu borboletas no estômago ao vê-lo e assim ficar mais fácil desapaixonar. Enfim, resolvi aproveitar que não parava de vomitar para associar tal péssima sensação ao bruto (HEHE)! Sensata decisão, já que agora fico enjoada só de pensar nele (e naquela gosma amarela e amarga que saiu de mim por um dia e meio...). Tudo isso me levou a pseudo-filosofar acerca dos relacionamentos. Vejam bem: eu nunca fui lá muito fã de casamento, nem ferrenha defensora das maravilhas da vida de solteiro. Porém deve haver um motivo pelo qual inventaram o casamento! E outro para que as pessoas se casem e separem (óbvio) e se casem de novo e mais vezes! Juro que assim que meu estômago me permitir pensar de novo, vou refletir e discorrer sobre o assunto, pois agora só consigo pensar em obviedades...e nesse exato momento a única obviedade /motivo que se aplica ao caso é uma coisa morena de 1,90m, cabelos lisos e castanhos, olhos levemente puxados, barba por fazer, dentes talhados em marfim, músculos que pelo seu sombreado só podem ser muito bem delineados, um sorriso do tipo ‘isso-não-é-só-simpatia-por-você’ toda vez que me vê, atende pelo nome de Yoshio e trabalha na sala ao lado. Mas vamos combinar: se você fosse chocólatra, não iria querer comer o melhor dos chocolates alemães todo santo dia, mesmo tendo dor de barriga as vezes... Eu sim. E ele é meu chocolate alemão. E nesse caso acho que até correria o risco, afinal, o que é uma dorzinha de barriga as vezes quando se pode ter um moreno daqueles...