segunda-feira, 1 de março de 2010

Lupinos II


Ele, apesar do aspecto tosco, rude, apesar de exalar virilidade, como que houvesse algum resquício de elegância e cordialidade quase européias naqueles músculos proeminentes e bem cultivados, com um rápido movimento se interpôs entre ela e o batente, abrindo-lhe a porta. Com esse movimento, ela pode sentir seu hálito morno dentro de sua boca, já que seus lábios se tocaram levemente. Ela resistiu bravamente aos seus mais bárbaros instintos, e irritou-se com ele pela insistência em fazer uso daquele enervante cavalheirismo que o impedia de agarrá-la "à força". Pseudo-recomposta de tal situação, atravessou a porta que ele segurava. Ele se pôs à ela de forma que ao passar, obrigatoriamente roçasse em seu peito. Seu torso viril era largo, minuciosamente vincado por músculos e levemente enegrecido por pêlos, que o deixava ainda mais irresistível. Ao passar por ele, pôde sentir seu cheiro. Simplesmente enlouquecedor. A barba por fazer, espessa e cerrada que emoldurava seu rosto, e o deixava com um quê de macho-alfa, arranhou seu rosto de leve, fazendo-a trincar os dentes de desejo. Seus olhares se fixaram um no outro por quase um minuto sem se desviarem. Uma eternidade. Seus olhos eram de um verde penetrante, ligeiramente amendoados, e transbordavam uma paixão tocante, um desejo, um tesão.
Ao passar pelo batente tentando se convencer de que faltava menos de um passo para que seus batimentos se normalizassem, sentiu uma mão quente e bruta em sua nuca. Seu coração voltou a acelerar de tal forma que a fez pensar que sua caixa toráxica não suportaria. Ele empurrou-a contra a parede, impedindo qualquer movimento dela com seu próprio corpo. Ela pôde sentir em sua pele cada um daqueles músculos milimetricamente definidos. Ele pousou lentamente sua boca ao pé do ouvido dela e sussurrou-lhe: "- Depois dessa noite, você vai desconhecer qualquer outro toque, qualquer outro corpo, qualquer outro cheiro." Do pé do seu ouvido, sua boca deslizou quente até suas clavículas, com aquela língua maliciosa delineou um humilde esboço do que seria a noite no breve momento que levou pra percorrer o espaço entre ouvido, pescoço e clavículas.

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