terça-feira, 20 de maio de 2008

It Started Like that . . .



Ela: Dezoito anos, olhos mel-esverdeados, cabelos negros e lisos, que a cobriam os seios, fazendo seus sutis e arredondados contornos. Pele alva, estatura mediana alta, corpo, hummm . . . Acho seu corpo um corpo bem brasileiro, seios pequenos, cintura fina, ancas largas . . . Tinha lindas mãos, mãos de pianista muitos diziam. Ela era simpática, educada, possuía certo nível de cultura erudita. Era inteligente, amava números, velocidade, filosofia, antigos mistérios, poesia, motos velozes, motores V8, carros potentes, línguas estrangeiras, carne crua, humor ácido, escrever, escrever, escrever, música, cigarros, artes marciais . . . Amava a boemia, nossa, e como amava. Era noiva há dois anos e poucos meses. Namorava há quatro, seu primeiro namorado. Bom, do seu noivo . . . do seu noivo ela gostava. Um pouco, mais gostava. Ele é que não gostava muito das coisas que ela gostava muito. Principalmente da boemia. E ela gostava muito da boemia.


Ele: Vinte e cinco anos, olhos verdes (os mais lindos que ela já vira), cabelos raspados rentes ao couro. Barba. Nossa, e que barba. Barba ruiva, cavanhaque para ser mais precisa. Alto. Ombros largos. Jeito de homem. Feições sérias, andava com o cenho cerrado. Jeito de homem forte, muito forte. Ele era simpático, educado, possuía certo nível de cultura erudita. Era inteligente, amava números, velocidade, filosofia, motos velozes, motores V8, carros potentes, línguas estrangeiras, carne mal-passada, humor ácido, música, artes marciais . . . Amava a boemia, nossa, e como amava. Namorava há cinco anos e poucos meses sua primeira namorada.


Qualquer semelhança, não é mera coincidência.


Ju acordara nervosa. Na verdade, nem dormiu na noite anterior. Ok, ela tinha insônia há quatro anos. Mas estava extremamente tensa. Tão tensa que chegou do trabalho, os pais não estavam em casa, então ela pegou a moto, foi à loja de conveniências que fica na esquina de sua casa (de moto) e comprou nada menos que 12 garrafas de vodka com limão e dois maços de Red Lucky Strikes. Ju achava que vodka com limão era bebida de mulher, e não gostava de se embebedar com aquilo (embora fosse uma mulher), pois acreditava que ficar bêbada tomando algo que possui 5,5% de teor alcoólico por 350 ml era o último degrau de dignidade do ser - humano. Mas ela ainda assim tomou. As doze garrafas. E fumou os dois maços. Lá pela décima garrafa, por volta de 2:45 da manhã ela ouviu seu alter ego dizer :'Não acredito que tudo isso por é causa do primeiro dia de aula na faculdade . . . Você consegue me surpreender com uma freqüência que deveras me assusta. ' Seu alter ego era sempre muito duro com ela. Então, bom, já que só faltavam duas, ela as terminou e foi dormir finalmente.


Acordou, deu sua corrida, fez suas abdominais, fumou aquele cigarrinho, tomou seu banho e dentro de poucos minutos ouvia a buzina do carro do noivo. Ambos trabalhavam muito próximos, no Centro da cidade. Seu cérebro ainda se espreguiçava enquanto ouvia seu noivo falar a respeito do apartamento que veriam no final de semana e as possíveis obras a serem feitas nele e pensava no quê ele poderia comer todo dia pela manhã que o deixava com aquele gosto de milho verde na boca. Ele era alérgico a milho! Algumas vezes lembrava curau, mas normalmente era milho verde. Enquanto ele ainda falava, ela pensou: ' que roupa estou usando?' e percebeu que havia colocado seu terno preto com a blusa branca que ela mais gostava, que tinha um quê de Jack Sparow. Estava até maquiada. Ela ficava impressionada com o que era capaz de fazer pela manhã ainda sonolenta.


O dia se seguiu tranqüilo, nada de muito especial. Ao final do expediente, seguiu para buscar seu noivo no trabalho. Depois do beijo de sempre com gosto de milho verde, ele a deixou na faculdade e seguiu para casa. Ela realmente estava incrivelmente calma. Seus futuros novos colegas de sala foram chegando, ela cumprimentava a todos como se já freqüentasse o lugar há anos. Até que Ele entrou. A voz dela sumiu em meio aquela barba. Seus olhos se perderam naquele incrível tom de verde. Aquele era o homem mais lindo que Ju já havia visto. Simplesmente lindo. E de barba. Barba ruiva e cerrada. Foi impossível não imaginar aquela barba a arranhar-lhe o rosto. Ele entrou na sala com passos firmes e cenho franzido. Simplesmente indescritível o que Ela sentiu. Aquele era o protótipo do homem ideal, feito sob a medida dos desejos dela, e mais, de suas necessidades. Foi impossível olhar pra outra coisa, pra outro lugar. Aula? Hum, ela nem sabia de que o professor estava dando aula, se é que ele estava dando aula alguma.


Ela foi embora com aquela imagem na cabeça . . . Podia vê-lo diante de si, tocá-lo. Ela até podia sentir seu cheiro . . . Ela podia sentí-lo a tocar sua pele . . .


No dia seguinte, tudo correra exatamente como no anterior, exceto pelo fato de que às 4:00 da manhã Ju estava totalmente desperta, preparando-se desde já para o que lhe esperava. Na faculdade, enquanto decorava a geografia do rosto simétrico d'Ele ela imaginava como ele provavelmente ficaria lindo ao sorrir, e passou a aula a clamar ao Alto que seus olhares pudessem ao menos se cruzar. E incrivelmente os céus ouviram os seus pedidos! Certamente não foi por sua extrema religiosidade altamente ortodoxa (se tinha algo que Ju definitivamente não era, era ortodoxa). Mas por algum motivo que sua razão desconhecia, haviam atendido ao seu clamor. Na mudança de sala, eles se esbarraram na subida da escada, ele olhou-a nos olhos profundamente, sorriu. Ela sorriu envergonhada e pediu-lhe desculpas. Ficou o resto da noite anestesiada por causa daquele simples e sorriso. A aula acabou, ela desceu como um foguete e conseguiu pegar ainda o 770 parado no ponto. Ao entrar no ônibus, quem havia pego a mesma condução: Ele. Ele mais um colega da mesma classe haviam pego o mesmo ônibus que Ju. Ju tentou organizar seus pensamentos mas não conseguia por nada. Um corredor os separava apenas. Confusa em seus devaneios, não percebeu que Rafael, o colega de classe havia colocado um assunto na roda, e que ela fazia parte de tal roda. Papo vai, papo vem, Ju deu-se conta de que Rafael havia retirado-se há muito, e que estavam somente os dois, Ela e Ele conversando, e mais, o lugar ao lado d'Ele vagara. Tomada por um rompante de coragem, levantou-se e se sentou ao lado d'Ele. Sentiu sua face corar. Nem mais o corredor os separava agora. Estavam olhos nos olhos em uma animada conversa sobre motores v8, Opalas e Mavericks, quando de repente ela se perdeu. Estavam tão próximos que Ela podia sentir seu hálito morno, e ver bem de perto o quão linda e deliciosa era sua boca. Ela se perdera em seus olhos verdes, em sua voz . . . Enfim, se perdera. Quando se deu conta que não ouvia mais uma palavra do que ele dizia tratou de voltar a prestar atenção e rezar para que ele não tivesse percebido sua enorme gafe (apesar de bem no fundo ter certeza que ele percebera sua cara de tarada ao olhar para aquela boca). Quando se deram conta, ele já estava a um ponto de descer do ônibus. Ele então olhou-a de novo nos olhos, Ela estremeceu. Despediram-se com dois beijinhos e Ele foi embora. Ela pensou 'Nossa, aquela boca esteve tão próxima da minha!', seu sangue gelou em suas artérias.


Chegou em casa ainda entorpecida. Tomou seu banho e deitou-se como que se sentisse a pele d'Ele a tocar a sua ainda, aquela barba a arranhar-lhe de leve a face. Os dias seguintes seriam bem diferentes . . . To be Continued . . .





Nenhum comentário:

Postar um comentário