segunda-feira, 1 de março de 2010

Romantismo de Botequim


Vou andando por caminhos tortuosos... Digamos pouco ortodoxos. Mas matemática é bem simples: Não desperdiço oportunidades. E elas aparecem em uma velocidade vertiginosa. Porém pago o preço devido, não posso me apaixonar. Ou melhor, não podia pois agora o amargo mudou de sabor... O havia eleito como presa em potencial seis meses atrás. Motivos? Os mais óbvios possíveis: ferormônios. Acompanhados por belo par de olhos verdes, torso proporcionalmente largo, um quê de macho-alfa desconcertante. Seu olhar me despia. Sua barba me arranharia docemente num futuro bem próximo. Ok, nem tão docemente assim eu descobriria. Suas mãos eram nitidamente precisas. Sob a camisa sutilmente vincada por músculos definidos na medida do meu tesão, seu peitoral e abdômen me faziam salivar. Sua boca... Ah! Sua boca ainda não possui adjetivos capazes de descrevê-la, nem no quesito beleza ou habilidade. Seus olhos me devoravam despudoradamente e sua nuca clamava pelos meus lábios. Dei-me conta de mim quando percebi que cada pêlo do meu corpo estava eriçado, somente por sua visão.
Os dias seguiram no marasmo ao qual eu estava irritantemente começando a me acostumar, quando em um despretensioso final de tarde, nossos olhares se cruzaram de forma diferente. Talvez tenha sido culpa da Raposa, que até o assustou um pouco, mas não o suficiente para fazê-lo desistir. No dia seguinte lá estava ele, naquela mesma esquina me esperando. Mal acreditei quando vi. A Raposa não só teve sua chance como de fato o seduziu, e deixou o grand-finnale para mim! Certa de que não desperdiçaria tal oportunidade, a conversa se desenvolveu rapidamente. Passamos por pintura, música, filosofia, literatura, religião, experiências paranormais e amorosas (o que dá praticamente no mesmo...), histórias da nossa infância... E os pontos de interseção eram tantos e tão imensos e tão intensos que me emocionei em vários momentos da conversa. De repente, por um breve momento de silêncio em que tentávamos decorar a geografia um do outro, ele me beijou o canto da boca, e foi tão terno tal beijo, que retribuí beijando-lhe a face. Nesse momento deu-se início a uma selva de bocas insaciáveis e mãos inquietas e corpos sedentos por mais. Os dias que sucederam esse foram ainda mais gostosos, emocionantes. Fomos invadidos por sentimentos inesperados para ambos, e também por uma enorme, quase incontrolável necessidade de termos nossos corpos em um único. E junto com tudo isso uma linda e sublime amizade, uma imediata compreensão recíproca, um desejo mútuo de fazer bem e estar junto. E além disso um tesão incrível, revigorante, devastador. Seus olhos ardem sobre minha pele. Suas mãos percorrem meu corpo com uma perícia sobrecomum. Elas sempre sabem exatamente onde quero ser tocada. Seus dedos apresentam uma eficácia explícita. Sua boca tem o dom de minar minha resistência, levá-la ao limite, sempre que alcança minha nuca. Rapidamente começo a transbordar tesão e já não respondo mais por mim. Eu, incandescente. Ele, brasa. Consumimos um ao outro em uma inflamabilidade incontrolável. Consumi mo-nos sem nos tocar, e como eu anseio por esse toque. Espero arduamente pelo dia em que seremos um do outro . Até lá os dias são simplesmente dias e as horas não passam de carrascos a me torturar os sentidos.

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